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O disco brinca, se interroga, e reflete sobre a vida do antigo e do moderno viajante servindo-se da simbologia mitológica, contando a alegria e o sofrimento de ser estrangeiro, da relação com a terra, da presença vital do mar “que separa, que prepara e que depara” como recita o Fado de Bandarra de Thiago Amud. Outro elemento fundamental é o uso dos diversos idiomas que compõem o universo linguístico da cantora: o português, o italiano, os dialetos do Sul da Italia estão em contínuo diálogo entre si. O melhor exemplo é o experimento autoral de Transatlântica, que pode ser considerada um canção em italiano e português simultaneamente. As mesmas idênticas palavras, dependendo de sua pronuncia, assumem uma das duas pátrias.
Gravado entre o Rio de Janeiro e a Itália, contando com as participações de grandes nomes da cena instrumental carioca, como Vítor Gonçalves, Bernardo Ramos, Sergio Krakowski, Edu Neves, Henry Lentino, Xande Figueiredo e do guitarrista italiano Giancarlo Bianchetti, ORIGEM É GIRO é o primeiro disco da intérprete italiana lançado no Brasil. A ideia poética do trabalho é que a origem, as raizes do viajante são os seus proprios pés, os barcos, o proprio ato de viajar, de estar a caminho, de atravessar mares, num constante e continuo “girar”, sem meta e sem portos seguros, como explica o verso palíndromo do título.
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